Tuesday, December 13, 2005

E é feita uma história a partir disto tudo.

Venho aqui lhes apresentar um personagem, o Paladino... Contarei um pouco da história dele, e ele fara parte (esporadicamente) deste blog:
Eu, que já fui algoz eras atrás, embora uma fase negra, aprendi muito, e acho que se não tivesse passado por ela, não valorizaria tanto o que eu valorizo hoje.
Sou um cavaleiro errante, sem ordem, e seguindo somente o que me convém, seguindo a uma filosofia, a um só Deus. Minha história como paladino é recente, e só resolvi me adequar nessa classe, pois há tempos estava cansado de ser algoz, não tinha um nobre propósito, mas tinha um objetivo que me seria revelado mais tarde.
Sei que andando por estas terras ermas, travando batalhas contra monstros, algumas vezes até dentro de mim mesmo, sofri muitas quedas, mas estava longe da derrota final, venci muitas vezes, mas também estou longe da vitóra final, e por isto continuo.
Visitei muitos lugares, conheci muita gente, me apaixonei várias vezes, tantas quanto quebrei minha cara, mas sempre me levantei, e continuei a vagar por aqui, nessa terra sem lei, sem dono, sem justiça, sem nada.
Me muni pra isso, afiei minha espada, preparei minha besta, tirei a ferrugem de meu escudo, aprumei meu cavalo, e segui, para um caminho que sabia não ter volta.
Depois de alguns dias de batalha no campo aberto, a favor de um exército que achava certo defender, me retirei para um vilarejo afastado da guerra, cheguei e fui direto para a estalagem, pois além de mim meu cavalo precisaria de um descanso, joguei uma água no rosto, reservei um quarto, tirei o grosso da armadura e fui na taverna, refletir um pouco sobre qual o real motivo que tinha me levado ali... E àquela mesa sentei, e me perdi em pensamentos.
Quando dei por mim de volta, vi uma mulher (se é que podia chamar "aquilo" de mulher) sendo empurrada e caindo sentada ao balcão, vi quando ela desfaleceu, não sei porque, tive vontade de ajudá-la, coloquei a mão no bolso esquerdo de meu colete, encontrei algumas ervas que me aliviavam a dor e me mantinham acordado mesmo após dias sem dormir, maçerei-as, adicionei um pouco do vinho daquela taverna, e ofereci a ela, não sei porque ela aceitou, poderia ser veneno, mas ela virou a caneca inteira, confiando em mim, um mero desconhecido, um nada à primeira vista, e contemplei aquele momento, pensando em tudo... e nada ao mesmo tempo... depois disso, ela estavame confiando sua história, seus fatos, seua atos heróicos, seus atos de vergonha, de medo, parece que já nos conhecíamos, mas nunca tinhamo-nos apresentados.
Algumas horas se passavam naquele diálogo, quando eu percebi que as ervas que eu havia lhe dado não faziam mais efeito, ela começara a pestanejar, e eu não podia deixa-la ali a mercê dos porcos, então a perguntei se tinha dinheiro para pagar sua estada, e disse-me que não, segurando o único bem que ainda lhe pertencia, sua espada de brilho fosco e lâmina sem fio, mais uma pestanejada até que eu disse: "Venha comigo então, você precisa vir!" E ela veio mesmo.
Levei-a a meu quarto, deitei-a em minha cama, e ela dormiu, um sono que ela já merecia a um tempo, se o que me disse fosse verdade. Passei um pano úmido em seu rosto, e vi quão bela era aquela guerreira... Mas sai do quarto, para preparar um banho, já que ela estava imunda com a lama que até os porcos rejeitam. Chamei-a e ela acordou de sopetão, parecia ter saído de um pesadelo, avisei o que tinha feito, e sai pra repor meu estoque de ervas, quando voltei ao quarto, ela já estava dormindo, agora sem armadura, com muitos arranhões pelo corpo, um que parecia infectado já, mas não pude deixar de perceber que seu corpo, mesmo maltratado, era bonito, mantinha as formas que a algum tempo não contemplava... Decidi sair, tomar um banho e esfriar a cabeça... Quando voltei tinha se virado, postei-me a olhar o nascer do Sol, outra visão que também não contemplava havia algum tempo já. E me perdi novamente em pensamentos.
Quando me dei por conta, o Sol já estava apino, e ela acordára, com um sorriso no rosto, ofereci comida a ela, a resposta foi outro sorriso, e assim saimos da estalagem.
Deu a noite, fui me despedir, peguei meu cavalo, e disse pra ela se cuidar, não sei porque, mas também disse: "Eu queria fazer mais por você", talvez me peguei pensando alto... Sei que após isso, parti a galope, mas um sinal, de algum anjo, de alguma emoção ou sentimento perdido aqui dentro me fez parar e pensar (justo nessa hora), pensei nos perigos da minha jornada, pensei que poderia cair mais fácil, pensei que teria que travar a luta mais pesarosa à mim... Mas voltei, voltei ao vilarejo, e ela estava lá, com os olhos no horizonte... Não podia deixar ela sozinha ali. Ela dormiu abraçada às minhas costas, e sai galopando em direção ao mesmo horizonte que antes contemplava.

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